Agosto, aqui hoje o silêncio só perturbado quando queremos, quando nos fartamos do silêncio, quando é demais, quando é insuportável. As ervas crescem e dão conta das paredes, lá fora. Não vinha aqui há muito, apercebi-me. Comovedor. O quiosque distante percorrido para saber do mundo igualmente distante já não existe, agora vendem-se jornais com batatas. Nos carros de matrículas amarelas ninguém lê, gasta-se para o ano inteiro. Lá fora, crescem ervas e silvas que sobem a parede à altura da janela. Perturbo o silêncio. Quem se importa? Não quero pensar muito, é tarde, há vinho, brasas e frio lá fora e silvas e ervas que crescem. Não fosse a Maddie e não se passava nada este Agosto. Gosto, interesso-me todos os dias, leio com avidez, sabendo que nada se sabe e tudo se inventa, como é bom dar isso por certo, isso e o Eurostat e nós nas piores estatísticas a 15 ou a 27, tanto faz. Tenho pensado em ir, em ir para qualquer lado, estaria melhor do que aqui à procura de uma ideia milagrosa para sobreviver, este Agosto, aqui, onde crescem ervas e não se passa. “Eu teria amado os homens apesar do que são” disse Rousseau e está tudo dito.
21.8.07
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