Esta história do empréstimo ao estudante universitário, "automático", sem garantias, no valor máximo de 25 mil euros, é mais areira para os olhos lançada por este governo. É areia lançada com a retórica de que haverá
"melhores condições de acesso ao ensino superior e mais condições de justiça social e igualdade de oportunidades", quando na realidade se somam sucessivos cortes nos orçamentos das universidades, as propinas não páram de subir (temos das mais altas da Europa, aliás!) e a acção social, como se sabe, é mísera e insuficiente para garantir a igualdade no acesso ao ensino superior.
Ao contrário do que já li por aí, não são os filhos dos ricos que se vão servir do crédito, são os pobres, os mais pobres, os que não têm outra hipótese, os que iludidos por uma solução facilitista vão hipotecar o futuro. É escandaloso que num país como o nosso, onde temos milhares de desempregados licenciados, onde os salários são baixíssimos, onde aos 30 e 40 anos há gente a morar em casa dos pais por não suportar as despesas de uma habitação própria, o governo crie um crédito com estas características. Um ano depois do curso terminado, o licenciado paga (e fazendo as contas, nunca será menos de 400 euros por mês!), quer tenha emprego quer não, num prazo de 6 anos, o preço por ter tirado um curso. Mesmo que tenha um emprego, não chega, não dá, pois ganha em média 700 euros, muitas vezes a recibo verde.
Continuamos a fazer as mesmas borradas do passado, continuamos a não investir nas pessoas, na formação, na educação, na investigação e na cultura! E quem se lixa são sempre os mesmos, os mais pobres, os cada vez mais pobres.